Os analistas financeiros destacam o desempenho surpreendente da Usiminas (USIM5) no primeiro trimestre de 2025 (1T25), com um lucro líquido de R$ 337 milhões, resultando em um aumento de 845% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Apesar disso, as ações da companhia apresentaram um dia volátil, com perdas de até 6,59% (R$ 5,67) antes de se estabilizarem à tarde.
Esse resultado superou as expectativas do London Stock Exchange Group (LSEG), que projetava um lucro de R$ 225 milhões. O crescimento foi impulsionado por uma combinação de melhorias operacionais, ganhos financeiros líquidos e um aumento nas vendas, principalmente no mercado interno.
De acordo com o Morgan Stanley, a ação foi classificada como overweight, com um preço-alvo de R$ 8,20. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de R$ 733 milhões ficou 7% acima da média do mercado, além de superar a própria previsão do banco, que era de R$ 590 milhões.
Os especialistas observaram melhorias nas receitas, assim como uma redução nas despesas com vendas, administrativas e gerais. O lucro por ação de R$ 0,24 também ficou acima do esperado, beneficiado por ganhos inesperados e uma alíquota de impostos mais baixa.
O Bradesco BBI, que mantém a recomendação neutra para os papéis da Usiminas com preço-alvo de R$ 6, apontou que o Ebitda foi 9% superior ao projetado e representa o melhor resultado da empresa nos últimos dois anos. A unidade de aço beneficiou-se de um aumento de 4% nas vendas internas e uma queda de 2% no custo por tonelada. Já a mineração teve recuperação com elevação nos preços realizados.
Entretanto, o fluxo de caixa foi negativo em R$ 560 milhões, devido à maior necessidade de capital de giro, e a dívida líquida aumentou para R$ 1,371 bilhão, elevando a alavancagem para 0,71 vez, em comparação a 0,58 vez no quarto trimestre de 2024.
A receita líquida foi de R$ 6,858 bilhões, 10% superior à do mesmo período do ano anterior. No aspecto operacional, o volume de vendas de aço atingiu 1,093 milhão de toneladas, registrando um aumento de 5% em relação ao primeiro trimestre de 2024. O mercado interno foi responsável por mais de 1 milhão de toneladas vendidas.
Em relação à mineração, a produção de minério de ferro alcançou 2,1 milhões de toneladas, o que representa um crescimento de 12% em relação ao ano anterior, enquanto as vendas totalizaram 2,2 milhões de toneladas, sendo 75% destinadas à exportação.
O Morgan Stanley destacou que os preços realizados de aço ficaram dentro do esperado, a R$ 5.594 por tonelada, enquanto os preços do minério de ferro, a R$ 413 por tonelada, superaram as estimativas.
O custo por tonelada na mineração ficou acima do que se esperava, mas abaixo no segmento de aço, o que contribuiu para um aumento na margem Ebitda ajustada, que passou de 7% no ano anterior para 11%. No entanto, o caixa das operações ficou negativo em R$ 431 milhões, um resultado inferior ao consenso da Visible Alpha, que esperava um saldo positivo de R$ 251 milhões, evidenciando a maior necessidade de capital em meio ao aumento do Ebitda.
O JPMorgan manteve uma avaliação underweight para a Usiminas, com preço-alvo de R$ 6,07. Apesar de reconhecer a força do trimestre, com um Ebitda de R$ 733 milhões acima das suas estimativas, o banco observa que a divisão de mineração ficou aquém do esperado, com custos 33,4% acima do projetado.
Perspectivas para o Segundo Trimestre de 2025
Para o segundo trimestre de 2025 (2T25), a Usiminas antecipa volumes de venda e receitas líquidas por tonelada similares aos do primeiro trimestre, com possibilidade de aumento nos preços para fornecimento às montadoras. O Morgan Stanley vê essa projeção como um sinal de estabilidade no Ebitda, enquanto o Bradesco BBI adota uma perspectiva mais cautelosa, citando pressões de importação e possível enfraquecimento da demanda.
A XP Investimentos prevê uma estabilidade nos resultados do setor de aço, com volumes constantes e uma receita por tonelada que deverá refletir preços mais altos para o setor automotivo, mas estáveis para a indústria, compensados por preços spot mais fracos. Além disso, espera uma redução no custo dos produtos vendidos (CPV) por tonelada, após iniciativas de melhoria de eficiência.
Na mineração, deve haver volumes estáveis, mas com expectativa de preços mais baixos em consequência de ajustes no mercado internacional. A XP considera que a melhoria nos resultados e a redução de custos poderão atenuar os riscos de desaceleração macroeconômica no segundo semestre, embora a crescente entrada de importações de aços planos continue a ser um fator de risco para os preços internos.
O JPMorgan prevê um cenário desafiador para a Usiminas no segundo semestre, impactado pela competitividade das importações, taxas de juros elevadas e incertezas no cenário global.