O papado do Papa Francisco é marcado por uma abordagem inclusiva e por incentivar debates significativos dentro da Igreja Católica, de acordo com a professora de Antropologia da Religião da Unicamp, Brenda Carranza. A especialista destaca a maneira como Francisco promoveu discussões internas, desafiando o status quo com sua governança baseada em acolhimento.
Francisco priorizou a pastoral de acolhimento, dando ênfase às preocupações e sofrimentos das pessoas. Tal postura, no entanto, gerou debates internos acalorados, especialmente em torno de temas polêmicos como moralidade sexual, economia global e a crise migratória.
Carranza ressalta a introdução da sinodalidade como um elemento transformador nas discussões eclesiásticas. Este conceito propõe uma maior participação e responsabilidade compartilhada entre os membros da Igreja, representando um avanço estrutural promovido pelo papa.
Mesmo com essas inovações, Carranza reconhece momentos de retorno ao conservadorismo durante o papado de Francisco. No entanto, enfatiza que as expectativas sociais exigem que a Igreja seja uma voz em defesa das necessidades e angústias de seus fiéis e da sociedade em geral.
O legado de Francisco pode ser definido pelo início de debates internos relevantes, que têm o potencial de levar a reformas duradouras. Seu papado simboliza uma tentativa de harmonizar a tradição católica com as demandas contemporâneas, buscando tornar a Igreja mais receptiva e em diálogo com o mundo moderno.